Sunday, May 2, 2010

Olhando para cima, e vendo coisas

É um pássaro? Um homem? Um homem suicida? Ou será uma estátua criada para que nós possamos refletir sobre a nossa própria existência?

Pois é, Nova Iorque é atualmente o palco de uma instalação de arte onde o artista Antony Gormley espalhou 31 estátuas tamanho real na cobertura de vários prédios e causou de fato uma série de questionamentos. Vários na linha sutil do tipo “Que porra é esta? Eu achei que era alguém querendo se jogar do prédio” mas várias outras mais felizes com a idéia de algo que nos faça olhar para cima, para longe de nossos celulares, longe de nossos umbigos.

Feliz ou não eu acredito que qualquer boa intenção pode ser canibalizada e digerida com uma enorme dose de ansiedade apocalíptica. Eu também achei por um segundo que as estátuas eram de verdade até o meu marido começar a rir da minha cara (normalmente leva meio milésimo de segundo), mas teve bastante gente ligando para a polícia, afinal teve um cara que não era estátua e se jogou do Empire Estate há apenas um mês atrás.

Enfim, as tais estátuas estão ali a nos olhar e questionar nossa percepção de acordo com o artista, que é inglês e fez a mesma instalação em Londres sem causar a mesma histeria em massa. Aparentemente os ingleses percebem a realidade de forma real enquanto os nova iorquinos são um pouco mais nervosos. E isto numa cidade onde tudo, do mais absurdo até o mais simples é visto como uma estratégia de marketing para atrair nossa atenção.

E falando em estratégia de marketing ontem eu passei pela central nervosa de estratégias de marketing que é a Times Square. Eu posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes eu passo pela Times Square num ano, afinal aquela área é um Largo de Pinheiros com afetaminas. Mas enfim, estávamos no embalo de uma boa caminhada vindo do Central Park e passar pela Times Square era inevitável. Qual não foi a minha surpresa ao ler no jornal que acharam uma bomba por onde passamos ontem! Que susto! Eu olhei pela janela, olhei a vista e saí na sacada, a única sacada do prédio inteiro que é utilizada por que todas as janelas do prédio são travadas para evitar suícidio entre os alunos. Ali, olhando para os prédios a minha volta eu vi mais uma estátua e pensei, “Êta ideiazinha de merda!”.

Ou não? Ou será que é a nossa realidade que é uma merda pois somos um bando de zumbis traumatizados? E no fim lá estava eu debatendo a percepção da realidade com uma estátua de bronze.

4 comments:

Jorge Hori said...

Camis
Você como sempre inspirada
E não esqueceu o português.
É o inusitado que nos faz refletir.
Saudades
Bjs

Clara Hori said...

Eu acho que deveriam ter colocado estatuas de elefantes, girafas, etc.

ciro said...

oi camis...gostei desta história, embora a consequencia dela seja algo muito pessoal...meu palpite é que a gente é tem uma predisposição a aumentar os efeitos de experiências novas, um receio eterno pelo desconhecido...outra: impressionante eles blindarem o prédio para os suicidas. bjo gde

ciro said...

oi camis...gostei desta história, embora a consequencia dela seja algo muito pessoal...meu palpite é que a gente é tem uma predisposição a aumentar os efeitos de experiências novas, um receio eterno pelo desconhecido...outra: impressionante eles blindarem o prédio para os suicidas. bjo gde