As conversas

Olha só, então é assim, eu tô de volta a NY depois de uma super intensa visita a SP. Mal deu tempo de ver todo mundo e fazer toda as coisas que estavam na minha lista e já estou de volta a minha rotina de fotos, layouts e reuniões.

Sento lá com uma cara de screen saver e torço para que nínguém note, mas notam, "Ah, é o jetlag (fuso horário) é?" me perguntam, e eu digo, "É. É o jetlag emocional. Demora um tempão para passar...". Então resolvi dar um tempo e escrever no blog, assim no meio do trabalho, uma coisa muito rebelde mesmo.

E eu ali de bobeira pensando nas coisas, nas conversas, em SP tive conversas longuíssimas com as amigas e amigos. Essas amizades de vinte anos que tem uma historiada, históriazinhas e muito para falar, sempre. E no café, na pizzaria, no trânsito foi uma falação só, e por aqui um silêncio.

Fora as coisas de trabalho e as conversas em casa nós nova iorquinos andamos pelas ruas solitários, de Ipod no ouvido ou aos berros no celular. E aqueles que prestam atenção na conversa alheia até que tem uns bons insights, assim, umas pérolas diárias que te fazem pensar... Ou só dar risada. Até criaram um site (overheardinnewyork) onde você pode ver tudo de absurdo que um nova iorquino diz ao outro. Coisas nada publicáveis, e coisas mesmo, muito bestas.

Aqui vão algumas:

Local: Penn Station

Ruiva: Não é que ele mente para te levar para cama, não é isso.. É só que ele não fala sempre a verdade...
Morena: Mas ele mentiu para te levar para a cama?
Ruiva: É, meio que mentiu... Mas eu ia dormir com ele de qualquer jeito.

Local: Linha E do metrô.

Senhor: Porque você sabe, você é a única que eu amo.
Moça: Eu também te amo.
Passante: Ele não te ama não, ele só quer te comer.

Local : Brooklyn

Pedinte: Um trocado por favor. Trocadinho. Alguém me ajuda a comprar um sanduiche por favor...
Mulher: Foda-se! Eu sou assistente social e eu sei que você não é nada mais que um inútil de um filho da puta! Eu sei que você vai é comprar crack!
Pedinte: Alguém precisava despedir essa vaca.

Local: 9th street e University place

Mulher de meia idade passeando com seu cachorro dizendo a um passante: "Eu sou um cachorro! Eu não sei porque vocês não acreditam em mim! Eu falo com o meu cachorro! Eu não sou humana, e até vocês todos entenderem isto vocês continuarão a ter problemas comigo!

E em São Paulo meus insights vieram muito dos amigos mas é verdade que quando eu subia uma ladeira a pé eu bem que escutei duas mulheres esperando ônibus tendo a seguinte conversa:

"E galo?"
"Ah é de galo eu não gosto. Por que tem aqueles galos que beliscam."
"É mesmo, se belisca é ruim, melhor não chegar perto"

Pois é, mesmo vivendo nestas metrópoles de hoje é bom mesmo ficar atento e longe de beliscões. Eu mesma tenho uma certa duficuldade em imaginar um galo que belisca, mas ao mesmo tempo não facaria perto para testar. Galos ou nova iorquinos raivosos o negócio é andar por aí com muito cuidado.