Calor Nova Iorquino

Chegou. Até que enfim chegou. O calor veio, atrasado mas veio. Assim meio diferente, ele já não é o mesmo desde que o mundo mudou. Agente não pode mas esperar muita constância, nem aqui nem no Brasil, o calor faz o que quer, as vezes dá uma extrapolada e as vezes desaparece por dias, mesmo quando era estar presente.

Mas chega de recalmações, o que importa é que estamos juntos de novo, depois de um inverno longo agente está junto e feliz. Estamos colocando o papo em dia, estou mostrando meus vestidinhos novos, que comprei só para ele. Ele satisfeito, me deixa sair de casa sem nem um casaquinho. Não precisa de casaco não, querida, ele me afirma. Ah! O começo do verão em Nova Iorque... o que pode ser melhor? Eu sei, eu me apaixonei por NY durante o verão, encontrei minha cara metade no verão, então eu sou mesmo suspeita.

Mas verdade seja dita, todos ao meu redor mudam muito com o calor. Eu nunca saberei se os nova iorquinos ficam mais legais com o calor ou se são legais por natureza e viram meninos enxaqueca com o frio. Mas o fato é que a cidade explode em cores e peculiaridades típicas.

Aqui vão algumas:

Bicho de cama: desde que o DDT virou ilegal alguns insetos voltaram a assolar o país. O bedbug é um deles. Lietralmente “bicho de cama” (porém sem relação alguma com a preguiça poética de Caimmy), o tal bicho é minúsculo mas se reproduz rápidoe pica você a noite. Para completar a tragédia não tem veneno que mate, a única solução é isolar tudo que está infestado e jogar fora. Começa com o colchão, roupas e vai parar nos amados livros. Não pense duas vezes. Jogue fora ou viva como mártir. O moço da foto foi atencioso o suficiente de avisar que os móveis estavam infectados, porém fez serviço porco e não colocou tudo em sacos plásticos como manda o procedimento.

No rastro dos Bixos: Na onda de “jogue fora”, o começo do calor marca a estação garimpo para muitos nova iorquinos. A estação marca o fim do ano letivo daqui e os alunos que moram em dormitórios tem que esvaziar os quartos e achar abrigo durante as férias de verão. Dado o fato de que existem aproximadamente 100 mil estudantes esvaziando seus quartos ao mesmo tempo a cidade coloca containeres temporários para dar conta do lixo. E dado o fato que os alunos compram o que precisam para os quartos todo o começo de ano (Setembro), o “lixo” em questão é assim, bem semi novo. E aí você vê jovens como estes, branquinhos, limpinhos, descolados e de cabelo colorido longe de serem mendigos, revirando o lixão. Ah, o glamour de NY.

300 calorias vazias por 3.50 dólares: o tal “cup cake” é a invenção mais inflacionada da região. Trata-se de um “bebezinho” com esteróides, é um bolinho normal com um topete altíssimo de pura manteiga batida com açúcar. Até que ponto você se sacrificaria por tal pornografia nutricional? Bom, depois que a TV mostrou aquelas mocinhas magras de dar dó do Sex in the City, se refastelando nesta loja em particular a Magnolia, o povo faz fila de dobrar quarteirão. No inverno a modinha não resiste o frio. Ah sim, são as mesmas mocinhas que com o salário de jornalistas, pagam mil dólares por um par de sapatos e três mil dólares em aluguel. Reality in the City: dá para entender né? A única parte do seriado que o povo pode imitar é a parte que custa três dólares.

A cor verde: É isso aí, narciso acha feio o que não é espelho. Depois de meses vendo árvores sem roupa e achando tudo meio sinistro eu tô achando o máximo andar por ruas verdes e ver casas, assim, cobertas de verde.